"Sejas sereno, e serás forte...

Cante como quem nada mais vê.

E quer somente compreender o seu próprio caminho."

"Assim como toda a máquina é reprogramada pelo homem. 
O homem tende-a reprogramar a mente para todas as coisas.
Pois ao desalinho de um mau funcionamento, toda engrenagem pode ser comprometida.
Então, o homem, ao se reprogramar
Toma o reconhecimento do campo onde atua.
Sobre o que deve fazer diante da causa que lhe custou a perda do sentido."

"Liberdade não é fazer tudo o que se quer,
mas aquilo que não lhe custará o ato de danos irreparáveis." 

"O cinza do céu inspira-me a sonhar."

Tão "clara-mente" quanto minha alma 

No fundo dessa alma alumia a esperança 

De que sua luz plantada nunca se apaga

Tu céu cinza é tão lindo 

Quanto um dia ensolarado./

Gosto de te sonhar... 

Lis

De Elisângela...

Como o céu reverso dos meus olhos

Porque brilha em mim tua luz

Inspira- me tua existência 

E me faz viver

Como esse novo despertar imprevisível 

Que se revela nítido no teu acontecer 

A vida que nos cuida se realiza em nós 

E nada nós precisamos realizar 

Senão aumentar o querer em ser.

O ato do impossível / Em dois versos.

 "Pensar como quem não intui
E realizar como quem não imagina
Tendo antes determinado viver
Ao invés de simples existir

Crer como quem nada vê
E nisso mesmo espera...
Sonhar e calar o ato de querer
Para tudo realizar sem comprar o que está feito."

"A leitura em público, seja em uma praça ou dentro de um vagão do trem, tornou-se uma coisa espantosa, fora do normal. Todas as coisas tem sido minimizadas dentro de compactos que cabem dentro do bolso. Com uma capacidade elevadíssima de destruições psicológicas e de integridades familiares, causando inimizades entre os que se viam e usam a letra em sua potência mais afinada para causar danos. As pessoas ao julgarem uma coisa sendo superior, supostamente como alguém que lê sem se importar com o som dos carros que passam, como as pessoas oscilam teus pensamentos tornando-os inferiores. A melhor forma de discernir a vida, não é como julgamos uma coisa, mas como e porque ela existe. E se houver o silêncio, a interpretação daquilo que acontece, terá de imediato uma aceitação. Seja para manter o aspecto de como está ali, ou de como agir para realizar a mudança."

(A leitura que me permito a mim mesmo através dos meus próprios lábios impedem condicionalmente os pensamentos que trazem o sono e o cansaço. Eu ao ler para mim mesmo, tenho a certeza de que o espírito que habita em mim, me conta uma história.)

"Somos percursores de estradas de um único caminho...

Não nascemos como sombra do que ditamos amar. Mas aprendemos a amar o que nos cativa e não o que nos dá satisfação. Assim como a liberdade de expressão, exerce o direito de falar o que se pensa. O amor nos dá o direito de sermos livres dos medos pela verdade absoluta que vivemos. Negar a verdade não é uma mentira, mas guardá- la para o seu momento propício de se revelar...

O engano causa danos irreparáveis, mas não se ofender com isso é nobre.  É o que faz seguir a estrada no caminho que se escolheu.

Amar é para quem passou pela dor da perda e do sofrimento,  Porque aprendeu a dar valor ao que se ama e não fingir amar por que preenche, mas por que completa."

Os demônios

Há um cortejo fúnebre a entoar canções 

Que fazem ninar qualquer alma

Mas meus ouvidos a escutam 

E fazem meu corpo arrepiar...

Há um lugar escuro e frio

Onde os demônios jejum contra mim

E em seus festins noturnos 

Eles sucumbem a luz da lua

Eles espreitam cada passo meu

Fazem dos meus acusadores zombaria 

E me tentam a blasfemar contra Deus 

E tramam armadilhas no meu silêncio...

É  maior do aquilo que governa o dia e se quer  podemos ver. É mais real do que aquilo que exatamente governa às  noites escuras. 

É mais veloz do que os ventos que surgem do Norte. Porém,  de fundamentos invisíveis existenciais. 

É a soma maior de todas as matérias e metafísicas.  

É a mudança que vem de dentro para fora. A constante mudança de forças consideradas intocáveis...

É a dimensão que recompensa o homem e o leva a verdadeira transformação! 

Talvez isso se possa chamar de amor ☆

Não vos é obrigatório entender a caminhada de um homem solitário. Tampouco julgar como quem pensa que suas  imaginações fazem sentido. O momento vos pede silêncio para que possa e consiga apreciar a vista de quem há muito tempo se conhece como propulsor da sua própria caminhada. Até aqui posso dizer que foi possível estar diante de abismos insondáveis e quase insuportáveis para o homem de um espirito opaco. Isso significa que seu trajeto formidável antes de surgir teve seus males e reveses ensurdecedores. Agora que podes ver melhor com os olhos sem concluir nada pelo que antes escutou... Tenha a ciência de que estar aqui não é uma honra comprada, mas merecida. Noites intermináveis e obscuras me foram lições para caminhar Seguro durante a claridade dos dias que me são contados. Por que não viverei além daquilo que me foi ordenado. Enquanto eu estiver aqui, meditarei em preceitos que me purificam dos meus próprios males. Encontro condições além de matérias que me dirigem a lugar nenhum para preparar o caminho para os que se deslocam além das estruturas simples e comuns. Já não vivo mais Eu, mas um soberano e exímio Criador vive e faz de mim um solitário capaz de enxergar a vida além do que ela é...

Me mostra a vida como ela deve e há de Ser. 

Desfiz-me de Ser revelador de segredos e agora não há oculto em mim que não se revele como luz e Ponte para que atravessem sem medos. Não sou mais um tipo de mistério que esconde mentiras que me faziam diminuto a tudo quando existe. Tudo como existe me faz entender e compreender que sou como quem louva a quem me Criou e forjou em mim um caráter sem igual que não pode ser corrompido e nem atraído pela sedução de corpos mórbidos e mentes pacatas. Eu sou a revelação que triunfa diante de mim mesmo. E eu descobri que monstros não existem e que posso controlar a mim mesmo ao invés de querer mudar o mundo que muda por si só. 

Eu aprendi a mover-me diante das estações que nos chegam como um presente que posso desembrulhar contente e sem ter a que reclamar, eu vejo o mundo da minha altura e não como ele se apresenta para mim.

"Dos trilhos

Pois não sonhamos apenas 

Realizamos além de tudo

Em uma outra dimensão 

Em um outro tempo e hora

De lugares findos 

Que retomam sua chegada

E refazem teu fruir 

Como águas de ribeiros 

De que são passagens 

Nossas breves idas e vindas 

E nos alcança tênues

Que nos elevam a ser

Sem confrontar com ter

Pois é como o que se desfaz

O mesmo  que refaz 

E torna a ser inteiro...

No meio da tempestade

Ventos sopram do norte

E se levantam e elevam os montes

Sou ondas marítimas

E praia presente nas ilhas...

Sou sonho a se sonhar

Vida a se realizar. ..

Sem medo do que recear 

Sou inteiro e me chamo

Filho do Rei.

Gris encantado.

Reversos

Versos

Revirados 

Dentro de mim.

Amei 

Sem saber 

Que amar/

Nunca foi pra mim.

Amei 

Sem querer 

Sentir ser amado 

Amor é-terno.

Amor

É isso

Não saber ser 

Se comportar.

É compreender 

Deixar livre

Amor

É não existir.

Amor

Nos faz viver

Mesmo sem ter

É isso, enfim.

"Os homens buscam dar sentido as suas vidas sem saber que suas histórias já estão determinadas. O ponto crucial é de que o homem não busca dar o melhor de si para os outros. Mas se aproveitar dos outros para se beneficiarem. Aceitar um destino tendo feito atos bons, é confiar piamente que mesmo diante dos males, somos precursores de uma trajetória marcada na história que não escrevemos, mas simples vivemos."

"Nossas argumentações as vezes impedem o sobrenatural de Deus. Porque argumentamos na maioria das vezes como uso de um costume chamado, justificativa. E isso nos ocupa em não entender o que só se poderá compreender no futuro."

"Se eu reclamo da falta da matéria...

Não percebo o espírito.

Minha mente padece ..

Meu corpo desfalece."

"Eu estarei...

Eu estou,

Como essa mesma chuva

A cair sobre a cidade

A molhar o campo

A correr pela superfície dos rios

E aquecer as copas das árvores altas

Eu sou o som das águas

Que percorre teu horizonte invisível

Mais leve que ar

Sou teu florir depois da chuva

Que paira calma na noite primaveril

Onde me deito em teus seios a sonhar.

Teu amor..

Teu amor é tempestade

De ventos fortes que me espreitam

A cada suspirar das ondas

Que ganham formas...

Teu amor é farol

Que Guia as estrelas ocultas do céu

Tua existência é essência em mim

A me fazer viver...

Teu amor é grandeza maior 

Feito um ser a ganhar forma

Tu és cores do céu escuro

Que tudo faz-me ver...

Tu és fortaleza segura

Onde teus ventos sopram onde quer

E tuas águas espraiam no horizonte indizível

Tu és marinheira única da minha embarcação.

Amo-te,
Elisângela

Rufa o tempo a silhueta da vida

Imagem do inenarrável sentimento
Que faz ressuscitar perfeita ponte
Onde brinca as ondas de águas claras
Riacho profundo, chamado sono

Diante de uma inóspita e inaudível sombra
Onde se espanta o vento e ali adormeço
Como se nada existisse por fora dos olhos
Uma visão de estrelas além da mortalha

O canto antigo do pensamento a vagar
Sobre moinhos de sonhos gerados no ato
Dessa inalcançável sensação de estar morto
Eu, adormecido, pairo no silêncio dessa madrugada fria

Em que ao declínio do cansaço de existir me refaço
Vem surgindo um estado alarmante
Em que sou eu para mim, um tenro perigo mortal
Que são notícias, senão nuvens que passam?

Eu estou adormecido na minha existência
E o que tangem ali?
Será uma bruxa ou uma canção?
Deliro a realidade e me me torno solitude

Sou esse vento sem cor, a silvar solstício
Que paira as folhagens e forma a vida
Uma estação  passageira sobre essa nota
Eu existo, também deixo de querer e tudo se transforma.

"Concedido nos é o sonho para realizar

Realizar proezas divinas em singelos atos...

Dar vida aos moribundos através das virtudes nos agraciadas

Revelado nos é fazer com  sinceridade tudo...

Tudo que há de bom em ser

Tudo o que há de melhor em dar...

Dar vigor ao que está cansado

Dar-se-vos-á... 

Os dons mais belos através do amor

Que não se revela porque se esconde

Mas que é aparente sobre todos os atos

Que não imaginados se manifestam

Como um oceano de excelências profundas.

Para além dos meus dias, amar-te...

"Chuva

Boa essa chuva...

Bom esse tempo

Perfeita essa hora

Chuva essa de sentimento

Por isso há gratidão em nada falar

Simples sentir e deixar ser

O tempo propício para ver descer as águas

Que pairam nos rios e relvas

Nos faz ser relâmpagos dos trovões...

Faz sentido ser e errar em ter

Porque tudo nos passa

E adiante algo novo acontece

Nos faz florescer a chuva

E no resplandecer da noite escura

Faz de nós perfeita luminura.

Tu és

Tu és sono para dormir e sonhar

Dia que amanhece nítido  para se realizar

Que se estende no céu azul escuro

Tu és uma constelação de estrelas minhas

As cores que dão nomes as formas

De tudo que vejo tu és única 

Tu É a engrenagem principal do meu Ser

Fazes de mim o que tu és e somos um...

A intimidade da obra ao seu Criador 

Tu és fonte inesgotável de águas límpidas 

Chuva de todas as estações

És navegação do infinito oceano 

Paisagem que não se precisa recriar 

É um evento de infinitas possibilidades 

Perfume suave que alcança a alma

Tu és cada nota a entoar perfeito cantar 

"Graça e sabedoria são tuas forças"

Coisas da alma

Ora, a vida que por mim passa

Faz-me sonhar, sentir

Querer realizar o que não posso

Diante de um ato revelado no extraordinário 

Quero revelar numa frase

O que um livro qualquer 

Quer dizer em muitos capítulos 

Quero a simplicidade de aceitar 

Que em mim, tudo é imperfeito 

Mas de que a vida em sua perfeição 

Quer se realizar através de mim

Quero ser edificado por um novo nome

Um coração capaz de amar 

Quero ser um mar calmo 

Para que nele possam andar

Ser a voz que acalma a minha própria tempestade 

Ser e não precisar ter

O excesso de coisas equivocadas 

Quero ser tocado pela voz que ressoa sobre as águas

Quero ser livre e ciente 

De que os medos se foram

Ter eternas possibilidades 

Largar a identidade de órfão 

Ser impulsionado pelo amor 

E fazer canção das tristezas

Que se alegram a chegada do meu ser

Inconfundível...

Quero ser um verso escrito pelo seu Criador

A história de um novo recomeço 

Quero a gentileza de não falar

E simplesmente ouvir e escutar...

Deus é o existir de tudo

Então, não quero ter conhecimento das matérias para entreter meus sentidos. 

Quero o impossível realizado no ato da fé. 

Não quero sugerir a metafísica como efeito do que é ou foi

Pois tudo surge de uma coisa que ainda não foi...

Não saí de uma forma para pensar igual e fazer igual-mente 

Fui formado por mãos fortes 

Por uma mente inalcançável

Que me faz buscar o brilho de um olhar em chamas.

O amanhã não existe

Quero o agora 

Refinado numa nota 

Que faz a canção

Entoar dentro da alma

Quero ser e nada ter

Deixar de existir e viver

Ser o presente desembrulhado 

No instante do agora

Que entroniza a alma

Para fazer existir o corpo 

Que de dentro pra fora 

Faz o espírito fluir e surgir 

Como um vasto oceano de mares e ilhas

Que se ocultam no profundo horizonte 

Que se revela na simplicidade 

Do ser indistinguível e real que és formado.

Amora

Eu gosto da tua cor e da tua forma

Gosto quando você também está a florescer 

E quando chega sua estação passo a amar teu fruto

Pois nele há gosto de vida...

Vida avermelhada como todos os sóis de verão 

E todas as luas de inverno...

Silêncio

Como se um piscar da noite 

Em sua majestosa madrugada 

Uma nota a entoar um pensar oculto 

Que se revela nítido no teu sorrir 

É breve este chegar e partir 

Com doçura e sengileza 

Faz nascer outras flores mais

De brilhos atenuados as estrelas 

 

Flores que desenham teus olhos 

E fazem teu existir Jardim secreto 

Que se revela madrugada adentro 

Com perfeição de uma sinfonia completa 

Faz de ti intocável ser./

Deixa fluir...

Fluir como um vento 

Que deixa também as folhas cair

Para fazer do outono chegada 

De um novo esplendor 

Que se revela nitidamente aos olhos 

Da alma contida 

Que não sabe querer gostar 

Que é livre para saber o que amar.

Tem certas coisas que requer tempo...

Paciência requer tempo

E tempo é vida...

Coisas significam tempo

Tempo que se constrói

E tudo que se constrói

Requer tempo...

Dormir requer o sono

E no amanhecer tudo fez sentido

Acender fogo exige paciência

Paciência exige tempo...

Aumentar o fogo requer vontade

Alimentar o fogo requer paciência

Viver requer experiência

Experiência exige tempo e paciência

Existir não requer nada

Para conquistar a vida requer graça

E graça requer paciência

Fogo e glória são tempo e paciência

E isso nada que simplesmente exista

Possa te tomar pela experiência adquirida.

Levanta o invisível sentido e nos faz respirar e mesmo sem ver, clama a noite em sua perfeita vigília e sintonia. Faz sonhar um corpo que vigia a alma enquanto ela em águas profundas e distantes se levanta diante de uma entrada triunfal para teu dono. Os olhos que estão fechados, faz estremecer interiormente os sentidos para dar direção ao amanhã que parece um pouco distante enquanto dormes. A mente que descansa revolve como fogo a extensão do que quer realizar amanhã... Não se escreve uma carta para a morte, e nem se diz ao tempo para que se realize. Não se ama pelo simples fato de gostar e querer preencher o vazio do medo de estar só. Aguardar em silêncio pelas cartas da vida que quer se realizar é mais alto do que uma coisa que se deseja querer. Amar é um estação única que te faz ser os ventos a cantar na primavera para trazer as chuvas nos verões. É desfolhar as folhas de outono para desvendar sempre o novo dia que chega hoje para aquecer o inverno com o corpo transformado pelos sentidos que faz de si, idealizador de sonhos e não turvo e ambicioso por realidades possíveis. Lembra-te de agir com doçura, para ouvir o canto dos pássaros enquanto caminhas para o dia que te desperta. E não espere encontrar uma razão para ser feliz, quando a felicidade de existir te basta para se sentir completo. Enquanto dormes, deixa viver a alma, enquanto vives, cuida bem da tua alma e nunca estarás só."

Perfeito náufragio

Sopra o brando sul a desejar verter

Os horizontes de velas levantadas

Costeando o vasto mar de oceanos distintos

Um vento areado a navegar o ar invisível

Faz-me traspassar da realidade ao infinito

Que acontece no ato lançado de dentro para fora

Âncora da alma as palavras bem semeadas

Permanecendo como rochedos de proa

Que navegam mares estranhos e misteriosos

Que lançam prumo nas águas para direcionar

Além dos muros que cobrem a vista

Faz o corpo fortaleza a se lançar sem medo

Sem sol e sem estrelas

Não há deuses

Que possam provar nada

Porque tudo existe para determinar

O fim do que surgiu antes

Para fazer entender o amanhã

Só se compreende quem vive agora

Observando seus próprios passos

Para alcançar o propósito da vida

Porque a meia-noite suspeita

Então dormes como sonha uma criança

E faz como se já não houvesse o amanhã.

Já vistes os teus próprios olhos?

Vistes quão lindos são teus olhos

E que teu olhar é um incêndio

Que permeia uma alma calmamente

Percebestes que teu sorriso encanta

E que teu ar é cheio de graça

Que tuas mãos são tuas

E isso significa tanto

Tanto que somente há em ti

Este brilho que beija meu riso

Que o azul que te veste é mar

Em que se banham lindas praias

Que teu ser é Oceano 

De águas misteriosas 

Que navega meu barco sem calhar

És uma força indistinguivel

Porque és luz que alumia meu ser

Precisamos ser do momento, saber o que se conta pelos próprio lábios. E não ser do passado, não ser a possibilidade do que se escutou. Mas idealizar o que se pensou numa ação, num gesto. Não ser de ontem, ser do agora. Ser idealizador de impossíveis.

É o que nos causa saudade de viver

Uma coisa que não foi ainda

Que não se realizou...

Que tudo não pode comportar

Como uma coisa única

E que nunca se sentiu antes

E que nada pode realizar

Senão o nosso coração

A cada batida a transformar

A refazer o homem para ser

Uma outra coisa para essa

Que cita o poema

E só o poeta vê e sente a se realizar

Coisa esta que refreia o pesar

E carrega consigo a sutileza de uma nuvem

Que se desfaz para realizar outra

Que trás a chuva e faz dos ventos, passagens

Para paisagens inenarráveis

Que só se vive de dentro pra fora.

Guardei este verso

Para lhes dizer que não há medo

Não há medo no amor

Nem na forte tempestade

Porque há quem nos fale

Mas há quem a nós se revele

Como um caminho

Que gentil se refaz

Nos torna próximos da face

Em que vemos cada passo

Que damos na direção das bandeiras

Que diante dos ventos, dançam

Nos fazemos por direção

Não guias cegos

Somos portas que se abrem

Para o eterno ser 

Ser presente do futuro

Que chega sempre no instante

Em que respiramos

E quer saber? Isso basta...

Sou vento forte

Mas leve como uma brisa

Sou rio que vai pro mar

E faz dos corais morada

Escolhi ser e não ter

Eu decidi viver

E deixar de existir na existência

Eu escolhi ser realizado

E nada realizar...

Quero o improvável acontecimento

De modo que se revele

Sem que eu o decifre

E me faça inteiro.

Quando florescer

Ainda será inverno

E muito mais que isso

Pelo que está no ar

Tão bonito e tão real

Coisas diferentes e tão iguais

Das memórias do outono

Deixo florescer o verso

Estar a ver teus olhos

É como estar a ver o cais

De um barco teu que me faz navegar

Deixando teu ser, ser minha bagagem

Para pintar e desenhar as Ilhas

A cada vento que tentei desenhar

Para te dar enquanto dormia 

Então, foi sonho que realizei

E senti felicidade no meu inverno

Fui teu calor, teu fogo

E foi para mim brisa

De um vento marítimo

E quem sonhou foi eu.

A vida é perfeita

Eu sou o reflexo perfeito

Daquilo que penso e sou

Porque não penso por mim

Penso por quem me formou

A vida me foi emprestada

O caminho que se abre

Me mostra o meu destino

Não alcanço méritos, realizo eles

Sou espantado por este peso

Da chuva que cai junto ao vento

O medo não existe mais

E tudo me faz entender...

Daí me compreendo melhor

Do que antigamente pensava ter

Porque ser me vale muito mais

Sou porta aberta sobre mim mesmo

Que se faz morada./

A vida no campo

Venta muito aqui

É sinal de que vai chover...

Os pássaros migram para dentro do mato

Todinhos a se esconder

As copas das árvores dançam

E a bicharada toda a cantar.

O sempre é o agora

O depois é hora

Que não se espera

E que faz  no presente ser

História que se vive

E faz tudo existir

De dentro pra fora

Como quem vê e não pensa

Mas faz surgir sempre

O que viver para tudo só-mente

Existir e nada mais.

Sempre

Porque o sempre há de existir

De nos fazer querer sonhar

Realizar alguma coisa

Ainda que qualquer

Uma coisa tamanha

Porque simples se realiza

Ora, sinto a paisagem antes realizada

E realizo meu sentimento por tal

Como um efeito único e sincero

Traspassando o meu olhar

Alcança mi'alma que se encanta

Pela vida que se realiza em mim

E eu decido viver

Deixar existir as coisas

Que das mais simples

Se tornam maiores em meu querer.

O inverno

Bem sinto-o existir fora de mim

Mas sou tua raiz

Que brota em versos e sensações

Que permeiam a vida

E mesmo sem flores

Faz nascer o sol 

E ser perfume a existência da tarde.

É uma alegria silenciosa

Consiste em não fingir ser

É silêncio para criar e não ter...

Ter razão para fazer poesia ou verso

Ou simplesmente ler a alma que suspira

Como um vento de brisa marítima

Que nos recorda a tempestade 

Tudo se mistura em meio ao caos

Seu destino lhes pertence 

A vida é seu caminho

De uma forma absurda

Toma para ti o universo 

E faz do antigo algo novo

No repentino silêncio 

Erguem-se milhares de vozes

Que ecoam de dentro de si

É ilha que não se atinge

Horizonte que não se alcança 

É o canto que faz descer a brisa

Que encanta a vida

Não são as verdades ditas

É o silêncio como resposta 

Que fecham as portas

E abrem as janelas

Portas jazidas de tempos remotos

Janelas de um céu estrelado e sem fim

Onde o firmamento é teus passos

Somos um

Um para o outro assim são dois

Dois sendo um

São fortes,

são estradas

E formam um caminho

Lua, revira meu céu

Faz das estrelas caminho 

Dos meus olhos tua luz

E dorme meu sono

Enquanto minha alma dança 

Nos abismos que salto sem medo

Faz-me descansar neste rio de mistérios

Que sem lógica e teorias 

Torna-me simples em entender 

E grande em descompreender 

E faz de mim o que sou

Sem ritos míticos 

E sem menção aos mortos 

Faz de mim poesia e poeta 

E inteiro sem ser a metade de nada.

Revira vento
Brinca no meu te ver
Vento se revira em mim
E me leva daqui

Para o lado de lá
Leva as trevas daqui
Por causa do vento
Vem a tua luz

Tu és vento,  não é?
Então me levas daqui
Para bem pertinho de ti
Tira essa barreira daqui

Vento que tu és
Leva-me para lá
Para o lado daquela estrela
Que brilha com vento

Faz de mim vento também
E  me deixa também te levar
Para um lugar bonito
Onde não há barreiras. 

Estes versos meu

Nada passa por inteiro
Sempre permanece uma coisa
Que não tem nome
É reverso e belo...

Vejo este verso
E tudo me parece mais nítido
Como o que volta e paira
Num instante que passa

E não por inteiro
Faz simplesmente esperar
Como se uma tarde inteira
E simplesmente pode encontrar...

O atalho para se perder
Mas se encontra na simples saudade
Que se sente quando se senta a mesa
E calma-mente conta as nuvens do céu

Não é caos,

é  ordem.

Não é esquecimento.

É fortalecimento

do entendimento...

Que dá o conhecimento. 

"O ouro só existe para satisfazer a carne.

Ah, às noites que chegam as cinco horas... O cheiro das flores nos canteiros das ruas. Uma impossível liberdade alcançada ao me libertar de mim mesmo.

Ah, a europa, afinal, cá estamos.

"Porque não se pode fugir do destino.  

Não se pode criar um destino...

Tudo está e  é determinado!

Contados são os dias de todos.

A vida é a base da existência para que se possa viver.  O fato é;  o que realmente importa para que permaneça a vida?

 É o simples ponto em que deixamos de nos importar com o que não importa é abandonar o barco pelo qual nos afundam."

Pois, bem, a vida é um sonho, (Minerva)

Onde dormimos em pensar

E realizamos um querer sem ver

Pois ter é mérito em existir

Existir nos faz ser 

Ser o que desejamos sonhar

Enquanto a vida nos encoraja a ser rio

Rio que encontra o oceano

E o torna verde como cristais 

O faz azul ao refletir o céu estrelado 

Enquanto passa o tempo

O tiquetaquear faz chegada

Tempo e espaço para viver 

Porque é necessário criar

Inventar o que viver 

Para não repetir a estação 

Porque somos flores que nascem fora das estações

Frases feitas, conduz a pensamentos formados. Pensamentos formados, conduz o homem a sensação de parecer o que ele nunca será por não ter criado por si só.  Toda conduta é formada pela experiência do que se vive.  Isso conduz o homem a ser alguma coisa que não se pode pensar. Depois disso, o homem estará apto a deixar os males da existência sem a necessidade de ter para ser transformado."

É aterrador todo silêncio dentro de um ser

Não é preciso também se expor

Mas se deve regar toda semente

Boa ou má 

Como viva ou morta

Dará o seu fruto 

Cada palavra sentida e solta como uma chuva

Será como um sentimento numa longa estação desejada.

Coisas piores, eu já

Suportei para não me ver
Nem se quer existir
Como essa gente  estranha
Que não  despenca ao voarem
Brincando  de riachos  sem água
Celebrando suas intolerâncias
Quem dera essa gente enxergasse!
Quem dera  esse povo se visse
E abrasassem cada discurso  bonito
Para ver melhor o silêncio
Do que senão  vê com os olhos
Se esse povo sorrisse da miséria
E exigisse  seu poder de ter escolhido...
Tanta gente  sem saber se comportar.

O artista

Na sua pouca percepção dos outros
Se encontra consigo
E deixa de existir
Para viver além do tempo
É como uma passagem
Para um mundo cheio de portas
Uma casa grande e cheia de cômodos
O poeta é um artista
Que deixa de dançar a música que cantam
E começa a conhecer teus cômodos
Suas janelas...
E aprende a ser só
Sem pertencer ao que sente.

Erros meus, coisas minhas,  fortuita vida, Amor real
Em minha perdição mais vasta se abriu um abismo
Os erros e a mim são tão iguais
Que em mim o amor bastava

Mas a vida exigia sempre mais
E eu não fui além do possível
Independência,  vida e morte como se Severina
Fosse já outro tipo de personagem dentro do comboio

Tudo passei a esquecer e sem passado...
Mas tenho tão presente a dor
A grande dor das coisas e causas que passaram
Que já as frequências da morte me são dadas

A desejos meu de deixar de ser contente
Ou ser alegre,
Sorrir me custava uma fortuna
Que perdi o gosto das comidas

Errei todo o discurso, todo despojar das ambições
Dos meus anos de vida que se foram
Dei causa a que a vida me castigasse

Me tornasse abismo e porta para um outro fim

As minhas mal fundadas esperanças nas coisas
Em vão respirava-me a vida

De Amor não vivi senão pelo amor sem engano
Oh! Quem tanto pudesse me ver, que fartasse minha alma

Este meu duro gênio em persistir em viver.

"Ideias confusas, são sinais claros de um desconserto espiritual. Um espírito em conflito, não pode dar racionalidade a imaginação e vida a própria existência da vida. E assim, surge o privamento virtuoso da realização. Nada alcança o homem, nada obtém na vida. Liberdade é expressar a insatisfação dos crédulos, que desertam-se da sociedade. Deixando-a deriva de pensamentos maus, sem que haja um ato que se considere bom."

Assim, é

Assim, continuará...

Até não mais ser

E numa outra coisa linda transformar

Sem se esconder no casulo

Ser a temperatura certa para aquecer

E o frio exato para fazer dormir...

Então, não pretendo reviver nada

Mas fazer dos dias

Dias mais felizes do que os dias da Europa

Inesquecíveis para cruzar o mundo

Realizar inenarráveis imaginações

E viver o improvável sem ser absurdo

Improváveis que homem nenhum possa realizar

Tudo isso por si só

Quero ser cais e porto de ilhas

Ser navio e minha própria embarcação

Ser vasto igual ao mar

E ser profundo igual também

Ser tão alto como o céu

E tudo ver para obter

E tudo ser para nada querer

Porque tudo é nada

E do nada se realiza tudo quanto quer

E se for o suficiente para dar prazer

Jamais submergir às águas

E para sempre navegar

Alcançando mais belíssimos possíveis.

O amor é abismo profundo

Que se abre sem ver com clareza

Pois faz esquecer o que foi

Transforma o segundo

Faz esquecer o presente

E vaga a pensar no futuro

Nada cria senão no imaginário

É tempestade de vento

E não um milagre eterno

É superior ao inferior que diz amar

Sem saber o que sente

O amor é forte como um vento

Leve como uma brisa

Que em tudo toca

E em nada fica

É como o que está em cima

E também está embaixo

O amor é cordão do amanhã

Que se vive no presente

Sem imaginar o futuro

Que nunca chega antes do destino nós realizar.

Tu, deveras serás

ㅤㅤ  — ♤ 

Serás como o vento...

E um cintilante campo florido

Será transformação das paisagens

Um infinito horizonte azul e Negro

Uma hora tu serás céu 

E também o abismo

Tu, marinheira...

A velejar antigo e nefasto Oceano

Serás embarcação desconhecida

E direção dos ventos sem fim

Tu, serás ilha infindável

Sedutora minguante das luas

Fará menção das estrelas

E a cada uma dará um nome

E não haverá astros ou signos

Que decifrem a tua estrada

Que decifrem teu ser

Então, serás dia

E transformará a noite

Em caldeira de fogo ardente.

Alva como a luz da lua

Alva como a luz do luar

Que encanta o céu

Formando ondas titânicas

Que inundam meu todo ser

Faz-me navegar águas misteriosas

Onde me deleito no florir

Das estrelas que alumiam a relva

Pouco interessada nos mortais

E dançam no resplandecente firmamento

Como um perfume de jasmim

Que se dá nos canteiros intocáveis

Alva como a luz da lua

Que me espreita a cada segundo

Como uma visão a se iluminar

E o tempo sempre volta

Como numa antiga viagem planejada

Que se realiza aqui e agora a saltar

Abismos que se desfazem

Como um solstício sempiterno

Toma-me pelos eixos desta engrenagem

E deixa eu ser sem ter

Pois tudo se desfaz a refazer

Na passagem do teu ar leve

Que me torna andarilho

De teus sonhos noturnos.

O badalar da hora 

Que nos faz sentir

Como uma coisa que passa

E passa por alguma razão

Tudo tem seu fim

Para dar início ao novo

Ao improvável que surge

Sem que possamos vê-lo

Isso até o instante que criamos

E permitimos realizar em nós

O que não realizamos nos outros

E nem no que já existe

Pois já existe

E não há porque querer

Porque está pronto

E nos cabe melhor criar

Porque está em nós 

As cordagens que nos levam

As pontes que atravessamos

Para viver somente o que sonhamos ser.

Lá, além-do-além...

Te sinto como um vasto mar

A sonhar com a praia

De onde uma ponte sai de encontro ao rio abaixo

Quem és tu, que me fascina?

Quem és tu, marinheira sem face?

Mas de uma existência tão profunda e real

Que faz-me viajar além daqui

Desmoronam altos montes

E a vida se refaz a cada chegada, tua

És tu sombra para me deitar

Sem devaneio de sentidos...

É como o sempre que chega

E bate a janela da varanda a sentar

A desenhar a visão que se ilumina

És tu minha viagem preferida

Ilha longínqua para sonhar

Estranho mundo para decifrar

E aqui diante do verso

Reverso meu sentido e te encontro num riso

Finito que faz sentir como um beijo

Que se tem ao vento que passa

Que em tudo toca, mas em nada fica.

"As vezes o "nada" não será apenas necessário, mas também decisivo para que tudo não seja reduzido a pó em sua vida. Porque "tudo" não lhes cabe! Onde colocaria tudo?"

Dentro do corpo?

"Os navios indo e vindo...

Formando pensamentos." 

Tudo que se joga contra ou favor do vento. Ele leva para a mesma direção. A questão é para que lado você se vira para se lançar nEle."

"Assim como á chuva e a neve não voltam para o céu. Entendemos que de certo, algo ambas têm a fazer. E compreendemos que regará a sua semente e dará o seu fruto. E também tem a sua reservada destruição. Isso para cada pensamento e palavra distorcida numa ação não racionada. Que antes foi uma semente...

Uma pequena semente para grande ações, invisíveis e incontroláveis. 

E não é isso nada natural!

"Os navios de longe, são os mesmos navios vistos de perto."

"Suportar as próprias experiências de consciência espiritual, é reformular os atos. Suportar as próprias acusações, é extinguir todo e qualquer efeito exterior causado por ruídos."

Ó máquinas mortais que criam outras máquinas. Esse engenho magnífico de pensar e dar vida o que também ocupa a vida. Cansa-nos a passagem da vida pela sua pressa em evoluir e não nos permitir ser e ter o que nos ocupa tempo espaço. Somos rebocadores de tempo, e o mundo move-nos como ondas marítimas gigantescas...

É tarde e penso que ao cair da noite, mais uma vez estaremos a cumprir nosso destino. Aqui ou acolá, deixo este versoo escrito para me recordar da companhia de quem chega e parte como a embarcação que me trás vento e me faz escrever alheio do mundo, porta-bandeira da minha própria alma livre dos segundos evolutivos.

Em febre a sentir a vida como um motor 

E o sentido da vida feito uma natureza

Que se pode formar em tocar com mãos calmas

É da mesma forma que eu toco o seu corpo para desenhar

E cada curva a pintar como um trópico cheio de força 

Teu sorriso taciturno como um fogo 

E no presente instante canto, canto sem passado para ser esse o futuro

Porque o presente é tudo o que se desembrulha e borda

E todas as coisas me são nada, porque passam ligeiras

Há pensamentos dentro das máquinas que são luzes da existência

Nas canções, não há teu florir

Por isso se canto, canto teu olhar num verso

E cada sorriso teu numa terna composição

E o que foram humanos antes, são hoje inertes pensares

Que não nos importam a ser coisa real ou coisa alguma

Átomos são teus pensares para mim

Que me fazem escrever a vida reversa

Febre para o meu cérebro é teu ser inteiro

De pele alva como a neve, faz do inverno fogo

Teu corpo minha correia de transmissão que me embala "eletrica-mente."

E eu ando por estas correias de seu volante

Ciciando em teu ouvido meu complexo interior

Rugindo como uma fera que te caça ferozmente

Ferreando como um vagão a passar sobre seus trilhos metálicos

Dando-me acesso a carícias ao teu corpo para na tua alma chegar

Como a vida deseja alcançar cada estação

E vem subindo nitidamente a sensação plena de se refazer

Recriar todas as maneiras de poder transformar

Eu me sinto completo, inteiro 

Sem ser como uma máquina

E não tê-la também essa máquina

E o que paira sobre nós, vem triunfante e nos almeja

Torno-me óleo da sua engrenagem esbranquiçada

 Calor e carvão longe da flora para aquecer tua essência

Todos os perfumes, desaparecem, deixam de existir para se sentir

Estupenda manifestação azul e negra desta constelação

Insaciável sentimento que cresce e nos faz abordar a vida

Uma dinâmica entre estrelas e céus

Entre o luar e o sol que nos nascem

E no teu silêncio ciciante me movo, pondero

Dentro deste giro como um guindaste cheio de força

Para te edificar alta e intocável

Se tu a mim pertencer

Se tu pertencer a mim...

Até que chegue o fim de meus dias

Te serei campo para semear, vida para te dar

Sem lágrimas para colher, será rio e eu serei leito

Onde poderá se deitar segura e adormecer e sonhar

Ao florescer do teu sorriso, como o apontar da primavera

Que ao cair sobre nossas cabeças, nos acalma

Se chorar, te serei maior para sorrir

Se tu a mim pertencer...

Aborrecerá a noite ao raiar o dia

Te farei carícias para sentir a tua alma sorrir

E teu perdão terei todas as manhãs para te viver

Sem medo das assolações da vida e de seus graves

Porque nem ao adoecer e nem ao se aborrecer te será ruína 

Pois serei tua cura e força

Sem métodos para seguir mapas e teorias para ler

Serei teu farol e tu minha ilha a descobrir

Com todo amor, eu te despertarei para a mesa sentar

Apreciar o silêncio de uma casa cheia de vida

Com perfume de jasmim será teu lençol

E teus beijos serão como frutas que se degusta com prazer 

E teu abraço pé de árvore para se deitar.

Delira-me o sentido em faz-me ver..

Ver o invisível que encanta

Como uma canção que nasce

Em folhas de árvores

Altas e sublimes para subir

Deitar-se ao tronco de estrelas

Que faz descer o céu de mar

Que em olhos escuros

Torna tudo muito claro a sorrir

Faz despencar o abismo

E na embriaguez do sono,  faz sonhar

Para tornar possível a aproximação

Através da ponte que salta o abismo

A manhã caída sobre a noite

Faz viver a alma para depois descansar o corpo...

Sente que a vida passa

Vive, porque tudo passa

E só fica aquilo que se permite./

Tu, marinheira...

Me é uma fonte

Oceano obscuro

De maré motos

E tempestades expressivas

Tu, marinheira 

Me é sonho sono

Ilha inóspita que toca meu pensar

Mas faz alcançar todos os portos

Faz da noite insondável

Tu, marinheira

Faz-me navegar águas profundas

E no além-do-além...

Ver-me os mapas ilegíveis

De uma terra distante

Que há, tu, marinheira!

Faz deitar o corpo, transcender a alma

É noite que se estende fria

E faz da vida, passagem

Tu, marinheira

É um conto sem precisar contar.

Disse eu ao abismo

Que sobre tua face, eu mergulho

Para emergir tua força e conhecimento oculto

Que os mortais temem entender

E o abismo ao precipício, disse:

Tudo que há e se move

Não tem sentido ao ver

Pois tuas cores também dão nome as coisas

E que nós somos o sentido

Daquilo que se não tem sentido.