25 de março de 2018

No canto da sala há uma mesa de mogno
Onde se deitam todos os poemas inimagináveis que desenhei
A janela alta suspensa por uma coluna invisível
A deixar sucumbir o vento solstício
Que me transporta para um conto
O sonido da porta que se abre para me ver as estrelas
Que vagam também suspensas no céu
Eu me deito sobre o piano já velho e antigo
Teto de flores brancas e lilás desenham meus olhos
E a solidão se senta aquele brilhante banco
A dedilhar um soneto. perfeito entre mim e o espaço
No ar o profundo mistério do que agora sou?
Homem ou monstro?
Transfigurando as folhas secas do jardim
O tornando passagem para este mundo de encanto
Que não tem forma e nem cores senão uma cortina de seda
Que dispara numa dança cromática aos lados
As mãos procuram meu corpo e a realidade delira
Deixa de ser e existir, surge um tempo
Que de tão inesperado vence o anseio da companhia
Do que era eu antes dessa canção de ninar
Sou agora a ponte da minha travessia
E velejo no enredo dessa ascensão que nada há
Para que no movimento das águas eu me transforme
Em vento ou fogo ou inóspito ser
Que adormece na consciência da alma
Que guarda esse velho coração

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