A TORRE I - Poema primeiro.
Cada som a bater e tilintar sinais
Por cada folha de outono a cair
Sobre cada vento a passar
Pairávamos ali a sombra da cerejeira
Alto como as luzes se iam formando
Deixando mais uma tarde seu fim
Era toda a esperança a própria vida
Um esconderijo secreto diante da luz
A Torre sobre nuvens a vagar
Em cada passo a chiar as folhas das árvores
Penduradas a balançar em maestria de um movimento
Verdejantes acesos a recriar as formas da vida
O cenário de outro tempo que nada foi
Senão a passagem para esse nascer da hora
Movemo-nos silenciosamente parados
Enquanto "ela caminha sobre a trilha"
Os cabelos a ofuscar os olhos que desenham a vida
Mecanica-mente com a mão feito pincel
A sombra que reparte a tarde da noite
Fazendo da luz altissonante
Sem serem os mesmos ventos
Como ás águas nunca são as mesmas
Formando moinhos de ventos ás águas
E ás águas ondas que dividem ás águas
Tudo era vazio e sem forma antes de existir
(Altos e sonantes) sonhos a colher folhas secas
Que são a vida do espaço em que habita
(Altos e sonantes) sonhos a colher folhas secas
Que são a vida do espaço em que habita
Passam e reparam os olhos sem tocar
Em cada canto onde habita o invisível
Formando balaustres monumentais
Que firmam auspiciosos alicerces além da terra
E faz surgir então, incrível e formosa Torre
"De ventos que uivam
E noites que descem
De dias que nascem
De dias que nascem
De chuvas que caem
Da luz do sol que alumia as janelas da Torre
E deixa o sonante vento entrar..."
E deixa o sonante vento entrar..."