A luz fraca do meu corredor pouco alumia
Mas faz -me mesmo assim andar
Como quem conhece bem o caminho a seguir
Sem medo da escuridão que permeia os muros
Vou indo sem saber o que me espera senão a chegada
Do desconhecido a se revelar nítido na luz da lua
Que clareia o céu sem estrelas
De uma escuridão encantadora que me chama atenção
Vou sem perceber construindo uma ponte
Que se faz seguro norte longínquo
Sono sem sonho e sonho sem sono
Terno silêncio de um cômodo mudo que me deito
Calmo a refletir minha existência para além do véu
Da noite eterna que declara o fim de mais um dia
Eu que nada sou diante das violências
Sou calmaria diante da vida que passa
Declarando fins de horas para um outro tempo
Que trás a formosa estação de inverno
Faz frio fora de mim e sinto...
Como quem não sabe sentir e deixa acontecer
Para aprender a declarar em seu tempo a chegada
Tão bela quanto a flor que se não colhe, mas admira -se
De longe para não assustá -la
E me vou como cada passo encontrado na meia luz
De um corredor calado que me sente chegar
E me deixa ser sem ter a necessidade de tudo em tudo tocar
Porque sou olhos da alma
Sombra de mim sem temer o que sou diante da luz
Exímio vivente de páginas incontáveis
De um livro chamado, eu para mim mesmo.
15 de agosto de 2019
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