Na magreza do corpo
E nos olhos fundos
Na ausência dos prazeres
E na ausência das piadas
Como uma penitência
Banho-me no frio frequente
A jejuar as ilusões da vida
Com horas de silêncio
A apreciar a alta madrugada
Sobre desertos inóspitos
Tenho as unhas limpas
E as mãos calmas por movimentos claros
Meus olhos são vitrais da alma
Numa auto-humilhação sem palavras
De gestos solenes e sinceros
Proclamo assim um poder inabalável.