Senta aqui a beira do abismo
E olha pro nada onde não há nada
Balança os pés e sente o nada passar
É como todo sentimento que nasce
Senta aqui à beira desse abismo
E deixa nascer a hora em que dança tua alma
Sobre este abismo que pasma ao te ver
Se sentar e ver o tempo passar
Não se acautela de nada e senta aqui no alto desse abismo
Faz dele teu berço a sonhar sonâmbulos sentimentos
Que te fazem chorar e lamentar o que não há
Porque nada existe só por pensar
Se senta aqui no topo desse abismo
E arranja pra ele uma roupa nova como uma paisagem
Todo abismo é sem fim e triste como o cinza
De uma tarde fria e nublada
Se levanta e desce lá onde começa teu abismo
Rega tuas raízes e pode as folhagens do teu ser
Dê novo nome ao que se vê e nada teme
Caminha a beira do teu ser e semeia serenidade
Olha pra dentro do teu ser
E vê que tu é teu abismo
Rega tua alma coragem
E faz de ti intocável ser...
De devaneios e sentimentos
Que ludibriam tua morada
Que é teu abismo mais formoso
Só não tem outro nome, por temer.