5 de junho de 2014

"Vem soprando o vento, e ouve-se o lamento de um tempo. Que outrora era regado de flores no jardim, chegou o inverno para levar o perfume que pelo ar, trazia aqui os pássaros. Que agora se movem para outro Norte sem fim, onde há luz, e tudo floresce no silêncio da madrugada. Vem se aproximando de longe um barco, sem marujos ou marinheiros, vazia feito a solidão que bate á porta.  Não é que os olhos sejam vazios e tristes, é que o tempo trás consigo as mudanças. E ainda que por dentro a ilusão do que há por fora, ali se guarda junto a uma canção que ninam os cômodos frios e solitários daquela casa. Por todos os nós antes feitos, que agora desfeito, trás um novo tempo a vida, que há de brilhar outrora. Bailando ali sozinha sobre chão laminado e quente, sobre passos deslexos, os pensamentos moldam a vida, o sentido e trás uma outra realidade. Como quem encontra paz ao sentir o espírito que busca redenção, pois sobre o mundo lá fora, só uma ilusão de que há alegrias perdidas sobre as esquinas multiladas por mortandades. Pois as esquisitices que encantam, são as mesmas que matam. Estranha assim, os males que se aproximam, mas são dissipados ao vento de fogo que somente quem tem olhos distintos da carne para ver e sentir. Sobre janelas luzes que brilham dissipando os males, carregando meros pensamentos perdidos. E sabe que algumas coisas abaixo do sol, jamais poderão serem desvendades. Como se na sociedade, de nada valesse a alma.  Pois na concepção do tempo, és apenas um grão de areia, e em tudo passas como o vento, e somente permaneça aquilo que tanto necesitas, o sentido que floresce a alma para um corpo que baila o sonho sobre profundo silêncio materno. Onde ela dorme, não há sombras que a toque."

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