18 de julho de 2017

Ahh! Esse barulho ── Ninharias... O barulho do trem passando-se pela última vez. E os ruídos de madeira, casa antiga. As montanhas cobertas por uma massa branca, nuvens pesadas. A chuva se aproximava ── O freio do trem soa como um apito, e para-se. Mesmo de longe a janela entreaberta deixava os urros dos ventos não escapar. Os grilos, vaga lumes sobre o pequeno lago o chacoalhar das copas das árvores. A lareira queimava a lenha em brasa, o olhar que parecia domar as chamas, via-se aquecido. O telefone mudo, e as casas distantes, com luzes de quartos acesas. Se esvai ao longe dos terrenos silêncio sepulcral ── Venta... O telhado por partes percalça acabava por murmurar em sua madeira. Pestanejava as janelas, os vãos as segurava firmes, mas o vento parecia voraz, e tudo querer devorar. Luz-Cristalina, se mostrava ao norte, entre as montanhas, a iluminar... O badalar do relógio ── Tic-tac... O inverno recém-chegado, já se enamorava entre a flora, verde e vasta. Escondia lugares... O sangue pingava no papel, um rufar suave a cada gota que pairava sobre a folha, as cortinas dançavam. A luz de vela, a casa de campo parecia mais um lugar de dar arrepios. Talvez pela sua aparência antiga, velha ─── Se levantou e fechou as janelas, uma pequena dose de conhaque para molhar os lábios e queimar a garganta. Lá fora... A primeira gota da chuva tocará a janela, ali frente a lareira. A aurora negra da noite, a lua mansa descoberta iluminava os campos, e a chuva timidamente caía. As árvores agitadas, deixava escapar algumas folhas, uma fonte e um norte. Alguém estava no porão ── Revirou os olhos, e então vagamente seguia para lá... Mais uma gota caía no papel, era como se fosse as batidas do seu coração a cada passo. Uma maneira de contar os segundos, falava ao girar a maçaneta da porta: ─" Meu coração não bate mais... Eu preciso de outra coisa." Os lobos em sua matina uivaram alto, e seu ouvido pairamente recostou-se a porta, os olhos arregalados. Enquanto pairo o homem alto e robusto travado a entrada daquela porta de carvalho antigo ── Luiza abriu a porta vagamente e ali estava a imagem sonhada, de um amor que antes perambulava a casa vazia. Tudo lá fora era assombro e escombros. Os ventos faziam a casa ranger pelas colunas envelhecidas, tornando as ondas do mar audíveis ao debruçarem as rochas que perambulavam cercados marítimos. Sombras dos pensamentos se desfaziam, a lua em meio as cortinas d'agua, os quadros empoeirados pareciam criar vida. A porta pairou assim que Luiza desprendeu os finos dedos daquela maçaneta que antes gélida, agora parecia aquecida pelo calor de seu corpo, que revivia. O sacolejo sobre a relva, fazendo as flores dançarem e cada arbusto a se desfazerem parecendo abrir caminho. Os relâmpagos trascendiam as altas janelas, trazendo luz na escuridão. O movimento de Igor que antes imóvel, seguia degrau por degrau, enquanto Luiza cuidadosamente tocava parte de seu ombro. Os olhos se encontravam por vezes e não era necessário o despojar das palavras. Placidamente os pássaros noturnos entoavam suas canções de ninar em meio a seus esconderijos, e a ascensão caía vagarosamente perante a melodia causada pelas gotas da garoa, deixando a casa suspensa e oculta, nada se aproximava. Os montes treme luzindo sua claridade diante da majestade da noite. Silenciosamente se desfaziam os ruídos, das entranhas da ferragem velha. As ilhas distantes pareciam estarem ali, como porto para a morte e suas parafernálias. O piano reluzia, e o instrumento de cordas cabia bem aquele homem chamado Igor. O coração de Luiza, já batia novamente desfazendo daquele passado, que agora se deitava aos trilhos molhados  ──  Onde vagões pesados, tudo destruía! Não restava nada, senão o fechar dos olhos, para ouvir o entoar de cada nota, formando bela canção. O pedido que faz a vida para viver, insistindo que não pare! As teias não eram nada mais senão linho macio para se vestir e deitar a beira da lareira ── A chuva cessava e a floresta titânica abria-se feito horizonte, e os orvalhos brilhavam a luz do luar formoso. Tal como a cor dos olhos de Luiza, que suavemente aceitava o pedido que lhes dava a vida, um beijo ardente, onde as mãos não precisavam encontrar o corpo. Aquecidos pelo fogo ──  ... As cortinas se abriram, e não havia mais ruídos, apitava o trem a partir. E os lobos seguiam tuas trilhas (...) Igor, condicionado a liberdade, enfeitou cada cômodo com canção que antes esquecida, agora como. solstício do mais belo e longo inverno ── A vida tomava sua forma, e os pássaros cantavam a chegada do novo amanhecer. Até que Luiza, despertara do sonho. E Igor d'outro lado, buscava encontrar em teu sonho Luiza ──  Era inevitável de que ele não realizasse ela em seu sonho e ela em teu mais puro querer. Tornou-se ela praia e ele cais. O revés da tempestade.

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