Não, ele não é surreal, porque a vida existe e diante dela as ruas e avenidas também se formam pelas mãos de homens que nunca agradecemos. Adoramos o café, mas nunca nos recordamos em querer saber quem lá debaixo do forte sol colheu os grãos. Nunca sabemos quem está por detrás das coisas que nos oferecem prazeres naturais. E porque nos preocupamos tanto com o que divagamos em nossos pensamentos?. Eu desprezo muito do que me criticam porque não sou assim, eu valorizo o interior das coisas e tenho respeito a natureza que pacientemente cresce, dá o seu fruto e não me cabe colher no campo que não me pertence. Eu não sou uma ilha, sou uma engrenagem num mundo, onde o sentido da vida não se perdeu, mas me permitiu estar do lado de cá. Onde em solitude sinto o vento e sinto o adocicado perfume do alecrim que antigamente os romanos usavam para amaciar e perfumar as mãos depois de lava - las. ..
Bem, o que eu quero dizer na verdade, é Quê; sonho em caminhar com uma mulher em uma calçada cheia de lojas e cafeterias. Me sentar ao lado dela sobre um ponto alto, onde possamos ver o mar e suas altas e fortes ondas numa tarde de inverno. E mesmo com o céu nublado, usar óculos escuros só para ver melhor a fumaça quente voar e sumir da xícara de chá. Ali planejar alguma coisa que não nos permita nunca sermos os mesmos, mas renovados a cada dia. Dividir a mesa que sentamos com a paz e a sinceridade, não precisar dizer uma palavra, porque as cores darão sentidos as coisas e nossos olhos nome. E infinitamente sermos generosos um ao outro. Sentir a brisa como quem sabe que para um, basta um telhado e quem é um, sabe receber quem ama até quando falta alguma coisa. Porque na falta de alguma coisa, dois quando buscam encontram. Amar sem razão e sentido, amar como se ama o amor, simplesmente.